A humanidade tem travado uma batalha constante contra diversos tipos de vírus. Apenas nos séculos 20 e 21, testemunhamos pelo menos dez epidemias ou pandemias de diferentes enfermidades. Entre elas, destacam-se os diferentes subtipos de influenza, os vírus SARS-CoV 1 e 2, e o vírus Zika, que se espalharam por continentes e, em alguns casos, por todo o mundo.
Uma característica marcante unifica essas recentes pandemias: todas são causadas por patógenos transmitidos pelo ar, resultando em doenças respiratórias. Mesmo com os notáveis avanços da medicina, a persistência dessas doenças, especialmente as transmitidas pelo ar, como gripes e infecções respiratórias, suscita uma questão intrigante: por que ainda estamos sujeitos a esses surtos? A resposta é complexa e envolve uma interseção de fatores biológicos, comportamentais, ambientais e até mesmo sociais.
Enfermidades como a gripe, sarampo e outras doenças respiratórias podem ser efetivamente controladas por meio da vacinação. No entanto, a queda na cobertura vacinal abre portas para o ressurgimento dessas doenças. O exemplo do sarampo ilustra bem essa realidade. Países que haviam controlado a doença através da imunização presenciaram surtos alarmantes quando houve um relaxamento nas medidas de vacinação. Movimentos antivacina, impulsionados por informações errôneas, contribuem para a queda na cobertura vacinal e, consequentemente, para o retorno de doenças previamente controladas.
Além das questões de cobertura vacinal, ainda existe doenças para as quais ainda não existe vacina. O vírus sincicial respiratório (VSR), que afeta principalmente crianças, causa mais de 200 mil mortes anualmente. Devido à imaturidade do sistema imunológico infantil, ainda não foi desenvolvida uma vacina eficaz contra o VSR, assim como para muitas outras doenças. Atualmente, quando uma criança é diagnosticada com o vírus, medidas de isolamento são adotadas para evitar a propagação da infecção. Através dessas precauções e tratamentos adequados, é possível minimizar a disseminação do vírus e a mortalidade associada.
Mudanças ambientais também desempenham um papel importante no surgimento e ressurgimento de doenças respiratórias. O aquecimento global e o derretimento dos polos contribuem para a alteração dos ecossistemas, fazendo com que novos agentes infecciosos surjam e se espalhem. Além disso, práticas culturais que envolvem a venda e consumo de animais silvestres, também propiciam o surgimento de novas doenças. Mesmo quando os animais são cozidos corretamente, o processo de manipulação dessas carnes pode expor os seres humanos a vírus anteriormente desconhecidos. A disseminação de vírus entre espécies através desses contatos diretos é uma realidade preocupante e que exige maior consciência e regulamentação.
Portanto, a persistência de doenças infecciosas, como a gripe e outras causadoras de infecções respiratórias, é resultado de uma combinação complexa de fatores. Enfrentar esses desafios requer uma abordagem multidisciplinar que envolva a colaboração global entre profissionais de saúde, cientistas, governos e comunidades, visando conter e prevenir futuras crises de saúde.